Sabe quando você se propõe a fazer algo, desanima, se anima de novo, quando vê já falhou na empolgação e aí fica até sem graça de encarar a realidade, pois o comprometimento não foi só de você com você mesmo… Enfim, venho aqui me desculpar por esse vácuo, pelo meu desaparecimento, de início aos poucos e depois achando que retomaria, refiz o combinado, deixando mais aberta a frequência com que escreveria e ainda me vi desaparecendo dos nossos encontros. Quero dizer que isso (escrever!) não é trabalho, entretanto dá bastante trabalho. Então esse texto é uma manifestação do meu desejo de te enviar mais textos e com maior frequência mas também é um pedido de relacionamento aberto (risos). Hoje em dia ninguém mais se compromete. Então me permita aparecer sempre que der.
Neste tempo também parei (por enquanto) de ler um livro que estou amando mas que não flui tão organicamente para mim. Apesar de que quando flui ele me deixa em êxtase. Por isso, mesmo parando, ele é altamente recomendável: "A vida secreta das emoções", da filósofa Ilaria Gaspari. Tem citações ma-ra-vi-lho-sas!!! E ingressei em outro que está fluindo bem mais rápido, apesar de tratar de uma experiência de dor e luto: "O ano do pensamento mágico", de Joan Didion. Ela descreve o ano que sucedeu o falecimento de seu marido e grande companheiro de vida, o também escritor John Gregory Dune. Faço isso bem na semana que antecede a festa de aniversário de minha filha e em que tenho a atividade da organização deste momento como um dos meus principais focos. Ou seja, a leitura e meu momento de vida real são quase antagonistas. Festas de aniversário são celebrações de vida. Em contrapartida, na minha análise pessoal, trato do tema "complexo de castração" olhando para a minha história familiar, da infância, e de como os eventos relacionais com meu pai e minha mãe moldaram a minha personalidade, os acontecimentos e as escolhas da minha vida adulta.
Lembro que quero assistir o filme da Barbie e que estou muito atrasada para isso, que posso perdê-lo assim como perdi de ver Elvis, Top Gun, Indiana Jones ou Missão Impossível em seus "revivals" no cinema. Todos esses personagens que tanto fizeram parte da minha infância e adolescência.
Na Antroposofia, de Rudolf Steiner, há uma forma de contar o período de vida de uma pessoa através de setênios. Cada setênio tem suas características próprias e assim como minha filha está ainda em seu primeiro setênio, eu já estou em meu sétimo setênio. Li recentemente que o meu setênio se comunica com a adolescência, é um momento em que também revivemos as memórias desta época e nos deparamos com a encruzilhada de refletir sobre quem somos e quem seremos daqui pra frente. É compreensível que a indústria do cinema se aproveite disso com lançamentos que retomam esse tempo para atrair a minha geração. Também é interessante notar que mesmo mais maduros estamos revendo questionamentos que já nos fizemos em outros momentos da vida, com menos maturidade e que, provavelmente, voltaremos a nos fazer.
Sobre isso adoro este artigo da Vogue que procura explicar o fascínio que Harry Styles (um artista do público jovem) exerce sobre as mulheres de mais de 40 anos https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2022/09/por-que-mulheres-40-amam-tanto-harry-styles.html
Eu me incluo, pois fiquei fascinada por ele há cerca de um ano.
Dica
Esses dias, lendo uma newsletter (aliás linda, com história de amor, que é algo que eu simplesmente A-DO-RO!) tinha a indicação de um conto da Clarice Lispector chamado "Amor". Não conhecia o conto e também fiquei em êxtase. Leia e me conte se não é uma obra-prima mesmo.
Enfim, teria muito mais a escrever e partilhar, mas encerro por aqui para, quem sabe, conversarmos novamente via essas cartas em breve.
Uma piscada e um sorriso,
Aline
Olá Aline, é compreensível que você não escreveu com frequência, mais compartilhou conosco viagem, fotos da família e isto já mostra que além de escrever você é muito dedicada e feliz no que faz, Gratidão pela sua alma tão generosa. Abraços de minha família.