Você nem imagina o quanto está comigo!
Quando a distância me faz esquecer o sentido de escrever e me manter conectada
Começo com esse poema de E.E. Cummings que eu destacaria somente um trecho, mas como cortar algo tão extraordinariamente belo?
Carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração
Nunca estou sem ele
Onde eu for, você vai, minha querida
Não temo o destino
Você é meu destino, meu doce
Não quero o mundo pois, beleza
Você é meu mundo, minha verdade
Eis o segredo que ninguem sabe
Aqui está a raiz da raiz
O broto do broto
E o céu do céu
De uma arvore chamada vida
Que cresce mais do que a alma pode esperar
Ou a mente pode esconder
E esse é o prodigio
Que mantem as estrelas a distancia
Carrego seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração.
Essa newsletter começou no início do ano com muito comprometimento de minha parte, mas algo que fui afrouxando, como acontece com muitas coisas nas quais nos propomos fazer. Acontece, ou é só comigo? Um momento passei viajando, outro doente, outro em férias. E estes foram ensejos para atrasar, ou pular uma ou outra semana. E também não me condeno, pois ninguém me pediu que eu enviasse um texto por semana, fui eu mesma quem me incumbi disso.
Não há uma energia que se renova em retorno. Nada de concreto se transforma quando escrevo ou não escrevo e esta também é uma delicadeza da vida: os retornos não são imediatos e, muito menos, proporcionais ao esforço.
Envio textos que são verdadeiras pérolas de doçura e temperança (eu que escrevo, mas eu também leio e reconheço o poder e a beleza das minhas palavras) e a atividade solitária da escrita conduz a uma ideia de que aquilo não teve o impacto que deveria, ou merecia, ter. Acredito que esta é uma das forças que enfraquecem a ação pura, aquela guiada pelo coração e deturpada pela expectativa. Sempre que há expectativa haverá frustração. E como é muito difícil vivermos sem expectativas, também se torna impossível não se frustrar.
O que tem sido o equilíbrio para mim é enviar sim, um texto semanal, mas sem a autocobrança de fazer isso na segunda-feira. Teremos a semana toda para o nosso encontro repentino adentrar a sua caixa-postal. Quantas delícias que vivemos (senão a maioria) não são assim sem aviso? Sem programação? A felicidade nos pega desavisadas, quando nada indicaria aquela alegria.
Assim espero que esta carta chegue a você, como alguma felicidade sem aviso que aponta para um sorriso de conexão consigo mesma e com sua própria vida. Digo "consigo mesma" ao invés de "mesmo", porque acredito que tenho mais leitoras mulheres, porém tenho também um leitor assíduo, o Cláudio, que sempre comenta. Escrevo também para você, Claudio, e às vezes me preocupo quando não escrevo e sei que notará. Mesmo sem nos conhecermos pessoalmente. (Exceto por uma única vez que foi quando passou a me seguir). Há um laço entre a escrita, quem escreve e quem lê. Um laço de fidelidade e de desejo sincero pelo crescimento do outro. Assim desejo para cada um e cada uma que me lê. Então ficamos combinados?
No mundo há tantas incertezas. Fica com a gente essa vontade de que um vínculo de amizade possa se formar através de palavras soltas que viajem através da tecnologia para encontrar outros olhos e lares. Eu as envio para morarem com você e te levarem sensibilidade, alegria e amor.
Até nosso próximo encontro/texto!
Aline
P.S.: Se você tem um amigo ou amiga que possa se interessar pela minha escrita envie a ele ou ela. Espalhe nos grupos de whatsapp! Faça essa roda girar!
Bom dia Aline! Que Deus te abençoe e proteja sempre, você mesmo distante alegra os nossos corações com a sua suavidade, amor e poesia. O mundo é mais belo com a sua energia e quem ganha é a sua família, seus familiares e seus amigos. Abraços fraternos.