A viagem
Escrevo esse texto alguns dias antes de enviá-lo e às vésperas de uma viagem muito especial. Em 2009 meu pai estava com câncer, já em tratamento paliativo, embora à época eu não tenha nem procurado saber qual era o significado desta palavra que me fugiu quando o médico a disse… Eu e minha irmã do meio, (sou a mais velha de 3!), estávamos, coincidentemente, começando relacionamentos com homens que moravam bem distante de nossa cidade natal, onde ainda vivíamos, na mesma casa da infância. Ela, que tinha começado o namoro com aquele que seria seu futuro marido, meses antes de mim, teve tempo de combinar uma viagem de toda a nossa família para a casa dele. Mal sabíamos que seria a última vez que viajaríamos os cinco juntos: meus pais e suas três filhas. Desde então nem mesmo eu e minhas irmãs tínhamos conseguido repetir o feito, já chegamos a viajar em dupla, já ficamos uma na casa da outra, eventualmente, mas nada de estarmos juntas como naqueles derradeiros dias no meio de 2009. Pois agora uma viagem se aproxima, desta vez sem meu pai e minha mãe, ele por não existir mais neste plano, ela por preferir a própria rotina e se animar que estejamos fazendo isso. Em contrapartida levaremos uma nova geração de mulheres, minhas duas sobrinhas e minha filha. As primas que também farão a primeira viagem juntas enquanto suas mães e tia se reencontram adultas novamente. É como se os encontros que entremeiaram esta viagem tenham sido ensaios esperançosos de uma estreia prestes a acontecer. Vão abrir a cortina e seremos jovens de novo, irmãs, vivendo sob o mesmo teto, mas agora teremos filhas (no meu caso, que tenho uma, e da minha irmã mais nova, que tem duas) e sobrinhas (no caso da minha irmã do meio, que não tem filhos).
Das minhas duas irmãs, a do meio é a que mora mais longe de mim, mas a que convivo mais, pois trabalhamos juntas (virtualmente) e nos falamos o tempo todo. A mais nova é a que mora no campo e a que convivo menos. Mas ela é tão divertida. Uma companhia deliciosa. Quando ela [mais nova] está por perto, minha irmã do meio assume outra personalidade, elas praticam bullying comigo, para compensar a chatice que fui com elas na infância e adolescência. Só que é consensual e eu dou risada junto (o que descaracteriza o bullying, quando o “agredido” se diverte junto), acho que é mais uma tiração de sarro que eu fico até ansiosa para imaginar como vai ser. Tudo que eu faço e sou se torna motivo de riso e sei que o olhar delas, ainda que viciado em meus defeitos para evocar a risada, está repleto do holofote do amor e da admiração de quem sempre me viu como a irmã mais velha, a que por algum tempo soube mais e antes que elas sobre tudo e que preserva seu status de sabedoria, ainda que ele não exista mais há tantos anos. O desrespeito de uma gozação é a constatação de que o respeito perpetuou e de que precisa acontecer para que nos tornemos iguais. É também um reconhecimento de uma hierarquia. Eu cheguei primeiro e as duas, mesmo adultas, serão sempre minhas irmãs mais novas, protegidas e amadas por mim ❤️🙏🏻
A palavra “respeito” vem do latim e em sua origem tem como significado “re-olhar” “re-ver”, “olhar uma vez mais”. Ficamos mais atentos diante daquilo que respeitamos. O humor também nasce dessa admiração. Assim atribuo significado à gozação que minhas irmãs fazem de mim.
A perspectiva que muda tudo
Esta semana assisti um vídeo que falava sobre a narrativa que contamos a nós mesmos (e aos outros) sobre nossa própria vida. A forma com que assimilamos os acontecimentos e o jeito em que nos posicionamos diante deles muda tudo. Aliás, é, muitas vezes, pela forma que assimilamos, compreendemos a nossa vida que acabamos nos posicionando ou como fracassados, ou como batalhadores, fortes. O fracasso é um fim ou apenas uma parte da jornada que nos leva a vitória? Estamos cabisbaixos diante das dificuldades, reclamando, sofrendo ou temos a perspectiva de que não há outra estrada que nos leve às grandes conquistas?
Uma outra chave grandiosa é quando reconhecemos aqueles a quem invejamos. Há neles tanta proximidade com aquilo que podemos ser. A única diferença é que há um preço a pagar. Aqueles que alcançam pagam esse preço. Inveja é desejar algo sem querer pagar o preço. Sobre isso aprendi em um livro de Bert Hellinger. E ainda mais com uma terapeuta que tive e que tem um podcast maravilhoso! (indico no final!) Aliás com duas. Uma delas me contou que a inveja é um grande sinal que pode nos guiar para onde podemos chegar. Uma outra perspectiva, bem mais bonita, olharmos para nossa própria inveja e a usarmos para o nosso crescimento, mais que para o detrimento do outro a quem invejamos.
Dicas da semana:
Podcast "A relação que muda tudo", disponível no Spotify e em outras plataformas, mas deixarei o link do Youtube para que possa assistir o vídeo também, já que além de tudo Paramita é linda de olhar! Digo além de tudo porque são aulas muito profundas com exemplos práticos, conhecimento precioso! Deixarei o link do podcast sobre inveja, já que foi um tema que puxei aqui, entretanto há diversos outros e o que eu recomendo é ir ouvindo aos poucos para que possa ouvir todos. É um melhor do que o outro!
Série:
Comecei a assistir Daisy Jones and The Six, disponível na Amazon Prime. Em formato de documentário a série retrata a história de uma banda fictícia que foi sucesso nos anos 70. Somos capazes de jurar que a história aconteceu e de que os personagens são todos reais. Todos os bastidores que levam a banda ao sucesso desde como cada componente passa a fazer parte do grupo são um enredo delicioso. A trilha, o figurino, tudo apaixonante, principalmente para quem adora os anos 70, como eu!
Pra encerrar:
Assim me despeço de você. Com alegria no meu coração pois estou bastante animada com a oportunidade de viajar com minhas irmãs. Quando voltei da casa de uma amiga de infância escrevi uma newsletter sobre, lembra? Naquela semana, chorei copiosamente na minha análise contando sobre o que tinha acontecido. E ela (minha amiga) nem estava lá. Fico prevendo o quanto será emocionante o que estou prestes a viver. Que Deus abençoe esses meus dias assim como abençoe os seus também. Que você possa ter a melhor perspectiva possível sobre sua vida. Que possamos estar conectados através destas palavras carinhosas que te escrevo e te envio!
Uma semana repleta daquilo que houver de maravilhoso em você!
Ah! Só reforçando: tudo que está sublinhado é um link. Você pode curtir e enviar esse texto para quem desejar, por enquanto ele é público e o meu desejo é que se espalhe.
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Beijos de luz,
Aline***
Olá Aline, a Carta de hoje tem uma reflexão profunda e ao mesmo tempo leve a primeira é a doença e a despendida do seu pai no plano físico, mais a certeza que ele está com vocês e a outra é a alegria de estar com as suas irmãs e demonstrar todo este amor e respeito a honra de seu pai para sua filha e sobrinhas. Que este semana Santa revigore todo amor fraternal em sua família cada vez mais. Paz Profunda.